Um barzinho e um violão, e pra completar um chope tombando neve, valendo todo o pão e osso duro já provado nessa vida. Assistindo o cantor acústico feito cigarra de verão, que observa como as pessoas reagem à música em seus corpos, sentindo prazer.
Em cadeiras de madeiras que lembram a palha da brisa da praia. A delícia em minha frente em estar sozinha sentada a beira dos meus pensamentos, distante. Com o corpo acordado e os olhos abertos, mas a mente sonhando.
Em um lugar desconhecido a sós comigo e minhas chaves. Vendo tanta gente diferente, mas todas iguais, a música que bate nas cordas do violão em linguagem universal.
Os homens vistos de passagem que passam em seus turnos calçando coturno contornando a rotatória do tempo e dinheiro. Veem-se, várias estampas de camisas coloridas andantes, macacos que mordem. Gente a pastar de rabos entre as pernas. O casal que passa com o carro do ano deixando ao ar aromas de amor, e no outro lado da rua o homem que sonha em levar aquela mulher no ônibus das seis. O trabalhador que conhece essa cidade com a palma de seus pés.
Cada casa é um perfume, uma história. Por maior que seja o mundo, e nele existam mundos diferentes, o céu é o mesmo, as estrelas são as mesmas. O que muda são os ângulos de ver a vida, como se inclina diferente as estrelas no céu. Deus abraçou o mundo inteiro. Nunca deixa ninguém em desespero o Sol sempre renasce.
E ainda uns querem saber da vida dos outros, mas para que? Se todos são iguais? É vantajoso cuidar da própria vida e ter gratidão por todos. Fazer a si investigação emocional sem precisar vasculhar os passos dos outros, para acalmar os seus calos. Pois a vida não se estabiliza, não para, e nós somos plásticos que venta na correnteza do vento ou que enrosca no arame.
Tiro um guardanapo da porta-guardanapo, escrevo com a caneta de penas de pavão que sempre carrego comigo, anoto meu telefone e saio. Sem ninguém saber, sem passar pela cabeça dos possíveis leitores quem sou eu, através das letras que estampam o meu rosto.
Entro num táxi e pela janela do carro, as ruas andam por mim. Viajando em busca sem fim, remando nas águas calmas das férias, que não são folgas intercaláveis da vida. Sem esperar nada da vida, e não esperando nela, pois na mesma não tem sala de espera.
Samantha Schepanski
Nenhum comentário:
Postar um comentário