Quando faltam poemas, se vê poesias. Ônibus cheio, panela vazia, a maresia do dia, a gandaia bebendo água de cocô, o soldado e o seu sentido, ouvir o barulho dos corpos durante o sexo, a pipa e o vento, as ruas brasileiras, a mão que enfeita o colo...
Ser humano é uma poesia ambulante. Um cérebro capaz de realizar bilhões de conexões diferentes. E nunca está pronto. Se poesia fosse feita pra ganhar dinheiro existiria uma fábrica de poesia ou pais incentivando os filhos para irem à faculdade de poetas, e teriam orgulho como os quais estudam medicina. Poesia é poesia por aí já basta, já se explica.
Desde que me entendo por gente, não entendo porque tem gente que só busca poesia quando a vida está vazia, nadando em rancor. É como rezar somente quando a água bate na bunda.
A quem não se estimula a pensar positivo em um céu de tortura, que logo passa e o céu abre em uma beleza extraordinária, mostrando um poema escrito nele.
Quem não sente a vida pulsar, vem a falar que não existem frases carnavalescas no sobrevoo de um pássaro no dia a dia, sobre um poste. É como objurgar que para se ouvir reggae tem que fumar um baseado, para poder sentir o som.
Poesia não é ilusão, nem massagear o peito de lágrimas, mas sentir as infinidades dos segundos, um tanto maluco, ler isso para quem não aprecia poesia.
Escrever poesia se assemelha a uma pescaria de letras e sensações, mas precisa ter cuidado porque o feijão no fogo pode queimar se não cuidar. E se caso queimar, vale a pena aprender com os poetas aproveitar o feijão queimado para fazer um virado de feijão, bem temperado para cobrir o gosto.
Pessoas que só procuram poesia quando a chuva vem, são dependentes de alguém para serem felizes, que ainda não aprenderam a serem independentes de si para se amarem de verdade, se beijarem em linhas, se reconhecer em frente o espelho. Como quem bebe sozinha, sem medo da tontura longe da tortura e dança conduzindo os seus desequilíbrios, descartando medos e desbrava devaneios... Pessoas que não se cansam da vida e inspiram as outras.
Café e poesia movem montanhas.
Samantha Schepanski
Nenhum comentário:
Postar um comentário