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quinta-feira, 7 de novembro de 2013

CASSAGRANDE



Taça de vinho vazia, Cassagrande colocou umas músicas para tocar, com livros e música calma, assim se livra e limpa a alma, um pause no samba de belas Trovas e Rap de 90 e Revoltas.  A morena dos cabelos longos soltos para baixo do pescoço, sozinha. Em uma cabaninha fumando “sigarro” com s de saudade, para interrogar as bolas de fumaças de amor, no ar.

Comparava o cigarro com o amor, afinal a melhor parte do cigarro não era o apagar-se, mas a queima o durante o processo assim como o amor, em suas chamas.

Suas rugas do passado são as cicatrizes do aprendizado a prova da resistência no rosto. Dores do calçado, com os pés descalços no piso com cinzas do cigarro, via o sol se pôr, debaixo da Via Láctea.

Com os olhos a aquela noite, se minando com a pergunta. Por que, final? Quando tudo o que se imagina e deseja não é esse o caminho, mas a partida arrasta. O amor se torna maduro quando deixa de sentir tanto, contem-se, ou porque não foi despertado? Porque quanto mais se cresce o sorriso encolhe? Ama-se só uma vez no colegial com toda a pureza de um estudante em suas descobertas?

Seu coração pesa, só porque bate, então descarrega a caderneta mental, escrevendo procura terapia na poesia. Escreve pra se esvaziar e preencher o mundo. Simplesmente pelo o que move o que guarda dentro de si. Sem pensar nos desinteressados do que e dos que lhes eram alheios, exóticos. Por remate, imaginava que só podia ser veia entupida.

Seu otimismo floresce num terreno fértil, aprendeu com as crianças o que elas vêm a lembrar de o que deve ser lembrado, "raspar a tinta com que me pintaram os sentidos", rir sem culpa, ser livre, pois ser preso de culpas escraviza o corpo e a mente ensina a harmonizar matéria e espírito. Como não ter medo, ao vê-las dormir no colo de um estranho, e os pássaros reforçam essa ideia ao ensinar a pular leves de galho em galho, sem asco de cair. 

Sabe que para sentir a chuva molhar nossos olhos, é preciso estar no dilúvio. Já teve dias que sorriu pela ausência, dois dias sorriu pela carência, três dias sorriu pela eternidade, quatro dias sorriu pela indiferença, cinco dias apenas sorriu seis dias ela... Sete dias (vazio), mas não queria isso para sua vida, pois a vida sem amor se torna sem som, não quis viver sem sol. Então buscou em si, a energia que soa a lhe convidar a se mostrar ao que descobre que de fato verdadeiramente é. 

Observou que se você não se mostra. As pessoas não se aproximam por te desconhecer. Momento ou outro pouco a pouco, então você se mostra. E não dá tempo: as pessoas se afastam por suporem te conhecer. 

Em uma manhã ventosa daquelas de erguer vestidos de moças, andando de bicicleta aprendeu que é necessário olhar pra frente, como ensinou a bicicleta. Foi preciso ver o mar para concluir que a vida é maior.  Enche seu coração de compaixão, pois paixão romântica mata e Cassagrande deseja viver.

A ausência é uma força criativa, uma chance disfarçada de reinventar sua estrada.  Talvez algumas ausências à gente apenas aprenda a se acostumar. O problema é viver com vazios. E a sorte curá-los.

Abençoado de quem não precisou da vida inteira pra perceber isso. Cassagrande ao voar, percebeu que entendia de sobreviver também.
Sabe que o mundo, é de quem limpa suas lentes antes de sair pra Rua. Ver o céu. Antes sonhava, agora já não dorme... A sonhadora despertou para o amor de verdade. Sim, ela pode dizer, seu peito é forte.  



Samantha Schepanski

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