Meia Noite, 05/08

Corda da guitarra nova, notas afiadas, assim me apaixona novamente. Sentada na cama com as pernas cruzada, quase pronta a praticar yoga, mas com a guitarra na mão e o cabelo cacheado jeito Janis Joplin solto sobre ela, brincando de voar com versos, num lugar longe daqui, aqui mesmo.

A caixa de som é parecida com um cofre refugiado do mundo, no meu quarto, sussurrando pela casa inteira até o portão. Dez e meia, onze, onze e meia, de repente meia noite e a viagem das cordas só pedindo uma mão, e olhares nos livros de cifras, sites de músicas no computador, memória boa, ou uma bela alma para compor.

 Com ecos de notas em mente, fui até a geladeira com a camisa preta da banda Led Zeppelin cobrindo até a voltinha dos glúteos, e com a calcinha vermelha para dar um realce na blusa, mania de realçar cores. Encostei-me, nela fria, e firmei os olhos na cerveja que estava completamente nevada por fora, suplicando por abrigo em mim, e sorri minhas intenções á ela. 

Meu gato me analisava, com a cabecinha de um lado para o outro, enquanto eu revirava armários, fazendo um novo instrumento de som pela casa atrás de salgadinho, daqueles que traz o sabor da lembrança de desenhos matinais, até que encontrei um bem escondidinho, prestes a trucidar todas a minha água na boca. Eu e meu gato, voltamos para o meu quarto, sem pensar em nada, só tocando algumas cifras, enquanto a noite passa. E lá fomos nós, cantar para a lua, que parecia querer entrar pela janela.

Samantha Schepanski