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quinta-feira, 8 de agosto de 2013

Lucidez da alma

Há pessoas que cavalgam no sentimento de querer atacar o prazer, competir à felicidade em doses de euforias artificiais com um, com outro, com o tempo, até com si mesmo, cansando a própria felicidade de se fazer sincera, para provar algo que nem mesmo sente. Enchem os lábios em querer ter, numa curva forçada, só para sentir, se sentir, camuflado de suas amarguras.

Dentro do ônibus, escorada na janela da fileira direita, olhando um garoto de cabelo Black Power a olhar pra baixo do ônibus vendo os carros passar, enquanto as rodas largavam girando, tragando poeiras asfálticas, estava com o rosto e os lábios amassados na janela entreaberta, deixando o vento beijar o seu rosto, mas ousado parecia querer o corpo todo.

Tanto eu, quanto o garoto caído no balde do tédio, observava que as cidades estavam com uma neblina franzida na testa, visto, por quem passava pelas miras do ônibus, ele e nós enxergávamos isso.
Numa pausa ao passar pelo quebra-molas um senhor andando de bicicleta com chapéu de palha se sentindo um pássaro libando nuvens, em pleno chão. Sorri, comigo, mais uma vez a vida evidenciando como a felicidade é acriançada, tese de um pensamento, assim exato para nós, como viajantes siderais. Engraçado, enquanto uns forçam sorrisos para fotos, o velho senhor sorri sentindo o vento puro.

Coloquei a mão na mochila revirando para achar os fones, e dividi-o com a minha amiga sentada ao meu lado, para contagiar ela de música, não queria sentir a felicidade sozinha, queria sorrir com alguém no ônibus enquanto todos permaneciam sérios, acompanhando ele andar. 

Troquei a pasta que por costume ouvia, alterei os fones de ouvido, e simplesmente não sentíamos mais no mesmo lugar. Os fones saíram dos sussurros, e quem estava atrás baixinho ouvia e ria da letra.

A charada é ter vergonha do ócio assim é ajustada a antena desarrumada, e muito menos esquecer sua verdadeira natureza espiritual, o dia-dia é além do que os sentidos limitados do seu corpo dizem. No instante em que se está em equilíbrio colorido consigo, pode andar por pedregulhos, que o impacto, vai ser outro, pelos pés serem de lótus.

Muitos tentam tirar o tapete e ainda pisar por cima da gente, mas a nossa corrente espiritual deve ser nutrida, dia após dia fortemente, para se proteger não deixando o mal escorar os braços sobre os nossos ombros, e muito pior é quando a própria consciência se encarrega em fazer o papel do opositor.

A alegria está rodando por aglomerados lugares, como o mal também, no entanto a nossa visão nos aborda a eles. Por isso é importante à visão do olhar, para sentir ele vivo dentro de si. Por bem, reveja a sua postura, para poder sentir de verdade as sensações da vida, e não somente estar em frente elas de olhos fechados, suspenso no espaço, e assim, talvez, quem sabe, assim comece a desejar um bom dia verdadeiro ao seu porteiro, padeiro, motorista, pai, mestre, irmão, vizinho...

E, agora, deixe tudo azulado, por aqui.




Samantha Schepanski

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