Corpos opostos suados, um em cada esquina vertical dentro da academia, suspirando e transpirando em intimidade por cima dos aparelhos, e o desejo é de estar trocando os mesmos suspiros boca á boca, enquanto tentam controlar a intensidade dos exercícios.
As paredes encobertas por espelhos pegam no ar os olhares e as sensações, com mais emoção do que os olhos das câmeras.
Bronze destacado no corpo com a roupa cinza, justa, longe do padrão do conforto a onde o suor se esconde dentro das roupas, pelo contrário são bem visíveis, tão escancarados quanto à transpiração que escorre do rosto. Com o rabo-de-cavalo amordaçado no alto, aceita o rosto livre, ainda faz charme quando a franja cai no olho ao levantar a sobrancelha, e o ventilador assopra na marquinha de biquíni dando as caras à nuca gravada a tatuagem do infinito.
Ela deita o corpo tremulo no Leg Press, após ter feito agachamento com cargas de ferro, eleva as pernas no alto enquanto o cérebro respira, e o som de Ausdioslave treme os fios elétricos presos nas madeiras no teto da academia.
As músicas de lá, por vezes são protegidas pelo cão Taysson, dos ladrões que fazem buracos nas telas de arames que protegem o pátio, a noite para invadir o campo de concentração dos músculos e dos olhares as paredes enquanto os músculos vibram, ganhando vida.
Ele com os olhos penetrantes negros concentrados aos movimentos nos aparelhos, entre uma série e outra, lança os olhos á morena tatuada que também o flerta de olhares falantes, mas eles se recolhem em segundos por gosto de acariciar a atração.
Séries concluídas, ela vai para um aparelho da direção do dele, ele a segue no olhar, vai para um aparelho na mesma fila, e assim seguem boa parte do torno inteiro, mas não fazem o treinamento um do lado do outro, porque os aparelhos para pernas, glúteos, panturrilha, são do outro lado da onde se treina o braço, por isso só seguem a mesma linha, na mordida do olhar.
Os ponteiros do relógio pulam, e os dois se deparam com os pés direcionados para treinar o lombar, a onde o frio na barriga é tão intenso quanto quando as costas inclinam para traz. A quadra esperada, suarem no mesmo lugar, mas não juntos, e a vontade é de caírem como uma luva, um no tipo físico do outro.
Treino tão concentrado, quanto à música nos instrumentos, que esqueceram que poderiam conversar no bebedouro.
Fim de treino, os dois corpos chuviscando suor, se entreolham, no fecho da música, e os dois saem pela porta vermelha, a boca da academia, de mãos dadas os dois são namorados há três meses, entre eles tudo é tão quente quando o treino de musculação, e por mais que entrem no carro arrasados de cansados e o vento sopre no rosto descendo pelo corpo, eles não esfriam.
Samantha Schepanski
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