
Ao me olhar no espelho me senti com o rosto como se tivesse ganhado três anos há menos, após uma noite de sono bem adormecida. Passei-me hidrante no corpo como se estivesse visitando cada país do mapa, não eram seis da manhã, mas era cedo do almoço, prendi a toalha branca estampada com símbolos asiáticos no cabelo puxando as sobrancelhas para cima quase se encostando à testa, seduzindo o meu cachorro, e com salto alto, fui lavar a louça, e lavei tanta coisa.
O corredor de madeira ilustrada do lado da cozinha era onde dançavam os meus pensamentos, guiando as narrativas formando um ambiente ilusório do xote do Falamansa, a dança da elite no período do Segundo Reinado.
Logo os Schepanski’s chegaram com as compras do mercado, colocando-as sobre a mesa, por verem o meu humor documentado na testa, e com as músicas sendo quase a tradução do endereço da casa, pediam de cara já a sobremesa invés do almoço, mas me abstive por querer continuar a cantar.
Copos sobre a mesa, e um pedaço dela sobrava sem nada em cima, em seu vidro refletia o céu azul expandido de nuvens vistas através do vidro da porta, foi o necessário para meu eu começar a conversar comigo, sentindo a repercussão mental ao nutrir-se de pensamentos positivos, pois através de um estresse positivo, o indivíduo experimenta uma sensação de relaxamento.
Assim, mais uma vez, assegurei em valorizar a minha liberdade, usar do livre arbitro sem precisar se acostumar com a situação, enquanto o tempo passa, aprendi a me reinventar. Ser resistentes às sombras que por vezes cercam e não são das árvores, das nuvens pelo horizonte, são mais escuras e frias.
Já fui tão presa em minhas agonias que o mundo submergia que atualmente me libertei, deve ser por isso que as minhas lágrimas não escorrem mais com facilidade quanto antes e ao força-las, por já terem caído de mais, aprendi a me levantar, só que agora acabei descobrindo outro andar distante do rebaixamento de negar quem eu sou, e não precisei fumar nem um cigarro.
Samantha Schepanski