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sexta-feira, 13 de setembro de 2013

Fim do comodismo

Alicia passava horas em frente o mar em meio uma guerra mundial, sentada na areia noturna, com sua máquina de escrever, á qual confiava a sua vida íntima, filha do papel.
A poetisa atravessa as letras para agarrar o que sente indo além da razão para encostar-se ao que vê. Ela é a emoção surda das pessoas, devolvia o que o mundo lhe dava, através da escrita.

Sabe que o mundo vive em gigantesca aceleração, por isto sua vontade é de morder as frutas silvestres, cortando rio de espessa neblina, saindo da metralhadora do faz-de-conta, que voeja baixinho, suas vozes maiores vão à loucura aos arco-íris voadores. Acha graça do beija-flor com as asas paradas que vive na suspenção dos próprios ombros invés de sobrevoar os murros.

Saiu do trem sem destino que percorre em cima de trilhos espichados, preferiu correr atrás de seu próprio autopista.
Talvez gostasse mesmo dos opostos, de aprender com a doidera misturada com a leveza do são-louco. Do reggae com cerveja, sentindo a calmaria sorrindo com os lábios trincando a neve da gelada. Tomar sorvete embaixo das cobertas, correr na beira da estrada em plena garoa.

Preferia pegar um ônibus sem rumo certo, sentar ao lado de um estranho pedir os fones de ouvido emprestado ouvindo o mundo do outro, com a janela aberta, claro ela encostada ao vidro puxado, enquanto viaja a mente e o corpo ao mesmo tempo. Do que os pés em cima do porta-luvas, com as caixas de som bufando, se fosse para pegar carona.
Pois o transporte estaria sem destino, ela considera inaceitável absurdo não saber a onde seus pés a leva. Ser surpreendida com o susto em não saber a hora de parar, do nada ter que ingressar marcha lenta.

Usa biquíni no outono embaixo da blusinha azul, pra quê cair na mesmice? Aprendeu a sair da inalterabilidade quando caiu em si. Faz misturas diferentes, mescla a pincelada,  incorpora expressões nas palavras não às deixando solitárias, na fragmentação do verso. O jeito que posiciona as telas, como misturas as cores, fugiu do comodismo da vida mecânica para os traços exagerados de vibrações. Pois nenhum movimento sozinho sobrevive muito tempo.

Desbravadora de sua visão futurística explode o solo que prega o certo sendo apenas um caminho, faz da poesia sua forma de escada.
Desalugou a Villa lobos para alugar as Veias Inspiradoras, tão longe do endereço fantasmagórico.

Conhece o mortal que empurra os íris dos olhos para enxergar a realidade do homem, por isso decidiu ouvir os vocábulos da alma.



Samantha Schepanski

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