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terça-feira, 10 de setembro de 2013

Almas hippies

Numa terça-feira, em manhã que o sol das seis despertou mais cedo com cara das oito. Era o causador de sustos matinais, fazendo com quem o visse corresse aos prantos crendo que já estivesse atrasado. Uma manhã leve, de planície gostosa, florida, primaveral voavam folhas quietas pelo chão, fazendo redemoinhos outras não, em uma velocidade semelhante às vozes dos fones de ouvido. Passos adiante em longas quadras, enquanto mordia a maçã vermelha, logo me deparei com uma mesa coberta por uma toalha com mandalas coloridas expondo as artes sem fim, cristais, fitas, e filtros de sonhos de hippies.

Meus olhos pularam em cada curva dos objetos, vibraram em tamanha energia sintonizada.
Com olhar despreocupado o senhor com sua barba rala grisalha combinava com uma voz rouca que fluía das águas da vida. Arremangada a camisa branca com o bolso com um maço de cigarros me recebeu com olhar atencioso, bem do jeito hippie cheio de poesia, liberdade, revolução, desapego, igualdade e luta expressada em sua testa marcada.

Enquanto atendia uma senhora que indagava com os olhos e as mãos curiosas, me revestia de vontades com a mochila nas costas revirei os meus quebrados, para vestir a liberdade no dedo polegar, uma garrafa de água detalhadamente encantada cheia de pedras coloridas, dizendo a vida é linda, quem sabe assim, não esquecesse mais de tomar água ou sentisse preguiça. Comprei um par de pulseiras para uma para mim e outra para minha amiga que desconfio que com ela foi a minha irmã gêmea em outra vida, e agora esteja aprendendo a simetria da liberdade da vida, pois vive coisas tão semelhantes as minhas no mesmo calendário, quando cruzo meus dedos vibralizamos juntas, e o mais estranho quando cai a minha ligação com o anel do mundo encantado a ficha dela também.  Lemos nos, em nossas vidas.

Minha paixão por essa vida universal energética expressou de cara ao cara, de surpresa ele disse pra escolher um palito de madeira para prender o cabelo. Certamente por sentir-se grato aos meus olhos o parabenizando.

Enquanto escolia entre minhas indecisões, ele me falava sobre a vida, em tom nas palavras que ativam as sensações do mundo, disse que a vida que levava era como queria, mas pena ser vista ser vista pelos padrões sociais pré-estabelecidos como “Fazer arte é crime, roubar é arte”.

Sorriu colateralmente dizendo que a dor que levava consigo deixou embaixo na lama escura, que agora o que o faz é a liberdade de sentir as luzes da vida, na paz e no amor.
Sim, realmente existe instantes na vida com que conversamos com pessoas que nos revigoram por dentro, mesmo sem conhecer, como numa transfusão de bateria de um carro para o outro, para continuar a seguir a estrada no mundo. 

Peguei minha mochila e fui atrás do ônibus, a aula havia de começar.




Samantha Schepanski

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