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sexta-feira, 26 de julho de 2013

Charuto Havano

A testa franzida, cabelos grisalhos arrepiados se abrigavam do frio, escondidos em baixo do chapéu panamá o autentico que adornava o riso cínico de Al Capone, seu olhar sensualizava no silêncio, sem pretender, com os olhos molhados de gosto fixado em um horizonte distante,  de todo o Deus-nos-acuda que se passava em frente à cafeteria. Por ser canhoto tinha preferencia de fumar o seu charuto Havano com a mão esquerda, e com a direita segurava o café e assim viajava a mente, mais veloz que os carros feitos vultos passavam em sua frente.

Seus pensamentos se perdiam de tanto pensar, e a fumaça subindo se estilhançando. Em cada ideia, se fundia em outra assim formando uma teia de aranha mental, quanto mais tentava se encontrar mais se perdia da certeza, dúvidas caíam feito gotas de chuva em diluvio. O medo de questionar do que a sua alma era detalhada minguava.

Em uma passagem em sua concentração, se perguntava o que seria da vida, se tudo fosse igual, rotulado impregnada sendo assim como fiel natureza? E se não existisse os opostos?

 Eles se mantêm, são necessários, pelo incrível que pareça eles precisam um do outro para viver em consonância, pois não teria graça, haver tanta fé, se não tivesse algo para discordar e provar ou para segurar-se. Por mais inteiro que seja algo, e completo, dentro dele há contradições, minudências contraditórias.

O que seria do pulso sem o relógio? Do preto sem o branco? Das orelhas sem a cabeça? Dos dentes de baixo sem os de baixo? Do vento sem a temperatura? Do café sem a colher? Do homem sem a mulher? Da língua sem a saliva? Da fome sem o prazer? Das mulheres da vida sem as mulheres decentes para diferenciar, para levar para o altar? Da casa sem os tijolos? Do mar sem a profundidade? Do Claudinho sem o Buchecha? Do amanhecer sem o sol? Do caminhão sem rodas? Dos passarinhos sem asas? Do controle sem os botões? Da sabedoria sem o sofrimento? Do Yan sem o Yang? Dos anúncios publicitários sem fotografias? Das sensações sem o sentir? Do papel sem caneta? Das festas sem músicas? A onde as estrelas seriam penduradas se não existisse o universo? O que seria da certeza, sem a dúvida? Do alfabeto sem as letras?

Após um de porre de perguntas, deliberou deixar fluir as águas da vida, pois não adianta brigar com o problema, só traz a realidade infrutífera, preferiu ver o mundo com os olhos da sua alma, ele quem arrumava a sua própria música em mente, sem o apontamento de vozes exteriores que pouco sabe dos segredos que guarda na escuridão, e o prazer sente quando ouve uma música que inunda o seu corpo. Optou por comer um chocolate para deixar o seu dia mais feliz.

Jogou a bituca do charuto no cinzeiro prateado, e lançou os seus passos ao seu Cadillac, sentindo os ventos uivantes sob as energias das ondas de luz, na avenida, dizia em mente: o céu da mente é o céu do coração.




Samantha Schepanski

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