Uma manhã sendo acordadas por pingos de chuvas no teto, folhas secas rolando no chão arrastando um pouco de terra, outras voando como bolhas de sabão. O despertado oferecendo o mundo, e o sono pedindo mais um segundo de preguiça, o corpo se estica e os olhos se despertam.
Ligar o som e acordar a inspiração, tomar um café correndo e ir para a parada de ônibus, ao firmar o pé no primeiro de grau nele, sente que há algo de diferente ao redor, mas ainda não sabia o que era. Ao sentar sempre no mesmo banco do lado á janela embaçada, mal se via o mundo do lado de fora, abri uma frestinha deixando entrar um pouco de vento para conversar sobre liberdade com a minha alma, já no lado de dentro estava tudo escuro parecia que estava embarcando em uma viajem á noite, talvez para um rumo desconhecido.
As rodas girando e as imaginações seguindo, elas paravam nas paradas e os pensamentos não paravam, até que de repente um misto de congestionamento em fileiras quase intermináveis. Uma moça grita, dois caminhões tombaram, e o arrepio gelado de sentir o eco das palavras da minha vó, para mim fica em casa porque estava chovendo de mais para ir a aula é perigo de acontecer acidentes.
Mas tinha pensado com meus botões que se fosse hoje logo outro dia quando a chuva fosse a linguagem do céu, eu poderia me ceder ao aconchego das cobertas. Baita susto, dessa vez o acidente não cruzou em meu caminho. Todos se entreolhavam, e tudo parado, rendi a inclinar o banco um pouquinho mais baixo e esperar tudo passar com os olhos fechados, só por uns minutos.
Uma voz grossa vindo em minha direção desfalcou a atenção dos meus pensamentos no mundo dos sonhos, era logo daquele moço que era conhecido por sua discrição, com barba por fazer, apaixonado por camisas brancas, dizendo-me que já tínhamos chegado, sobressaiu um sorriso de gratidão, e ele retribuiu e assim desceu do ônibus, ao olhar para os lados não havia ninguém, só o motorista que cheirava cigarro.
Estava em outra parada não era em frente á escola, era em frente á prefeitura, mas eram apenas duas quadras de distâncias, ao sair meio tonta adormecida, desci sorrindo com passos rápidos entre a grama molhada e a garoa caindo sobre mim. Naquele instante senti o que havia de diferente, era outono.
É a estação onde todos os dias as árvores aplaudem o céu, os dias são poéticos, os casacos nos abraçam á todo o instante, o vinho esquentar o peito, livro e café companheiros da tarde.
Samantha Schepanski
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