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domingo, 7 de abril de 2013

Bom dia de Outono



   Uma manhã sendo acordadas por pingos de chuvas no teto, folhas secas rolando no chão arrastando um pouco de terra, outras voando como bolhas de sabão. O despertado oferecendo o mundo, e o sono pedindo mais um segundo de preguiça, o corpo se estica e os olhos se despertam.
    Ligar o som e acordar a inspiração, tomar um café correndo e ir para a parada de ônibus, ao firmar o pé no primeiro de grau nele, sente que há algo de diferente ao redor, mas ainda não sabia o que era. Ao sentar sempre no mesmo banco do lado á janela embaçada, mal se via o mundo do lado de fora, abri uma frestinha deixando entrar um pouco de vento para conversar sobre liberdade com a minha alma, já no lado de dentro estava tudo escuro parecia que estava embarcando em uma viajem á noite, talvez para um rumo desconhecido.
   As rodas girando e as imaginações seguindo, elas paravam nas paradas e os pensamentos não paravam, até que de repente um misto de congestionamento em fileiras quase intermináveis. Uma moça grita, dois caminhões tombaram, e o arrepio gelado de sentir o eco das palavras da minha vó, para mim fica em casa porque estava chovendo de mais para ir a aula é perigo de acontecer acidentes.
    Mas tinha pensado com meus botões que se fosse hoje logo outro dia quando a chuva fosse a linguagem do céu, eu poderia me ceder ao aconchego das cobertas. Baita susto, dessa vez o acidente não cruzou em meu caminho. Todos se entreolhavam, e tudo parado, rendi a inclinar o banco um pouquinho mais baixo e esperar tudo passar com os olhos fechados, só por uns minutos.
    Uma voz grossa vindo em minha direção desfalcou a atenção dos meus pensamentos no mundo dos sonhos, era logo daquele moço que era conhecido por sua discrição, com barba por fazer, apaixonado por camisas brancas, dizendo-me que já tínhamos chegado, sobressaiu um sorriso de gratidão, e ele retribuiu e assim desceu do ônibus, ao olhar para os lados não havia ninguém, só o motorista que cheirava cigarro.
   Estava em outra parada não era em frente á escola, era em frente á prefeitura, mas eram apenas duas quadras de distâncias, ao sair meio tonta adormecida, desci sorrindo com passos rápidos entre a grama molhada e a garoa caindo sobre mim. Naquele instante senti o que havia de diferente, era outono.
   É a estação onde todos os dias as árvores aplaudem o céu, os dias são poéticos, os casacos nos abraçam á todo o instante, o vinho esquentar o peito, livro e café companheiros da tarde. 





Samantha Schepanski

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