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quinta-feira, 11 de abril de 2013

As lembranças de Ronycleberson Wabircacodonski



   E naquela tarde de sol quieto espreguiçavam-se as folhas nas arvores na estação de Carnaval e o enriquecimento de mudanças dentro do peito estavam prestes a acontecer. Ao passar do balanço do vento, um felino manhoso de dentes pequeninos afiados, pelos louros listrados com um charme de cores no acabamento desenhado do rabo, deitado sobre a sombra de um limoeiro acomodado na maciez da grama verde. Passou a quebrar a monotonia dos seus olhos ao ouvir o barulho do carro trazendo clamores incógnitos em frente sua terra, pois jovens amigos haviam de esperar pela vinda do amigo responsável pela casa emprestada pelo irmão para a concentração de carnaval durante os quatro dias.
    Sentados no paralelepípedo ficavam matando tempo para poderem entrar na casa, assim surgia o gatinho manhoso com seus olhos mel inquietos, a onde eles estavam parados comprovava a delicadeza dos seus pelos ao esbarrar pela pele dos jovens cativados pela doçura felina. Boa parte não venerava gatos por acharem traiçoeiros e ariscos, afinal porque a atenção que davam não era correspondida. Mas em poucos minutos ganhava espaço no território.
    Ao chegar o amigo, o gatinho entre as meias sacolas saltitava acompanhando até a entrada, e junto queria fazer festa. O lugar era retirado do centro da cidade, e a vista do sol adormecendo entre o milharal era de extrair suspiros assistir a essa cena com as cadeiras na garagem tomando uísque com som aplaudindo, era rotina dos quatros dias. Meramente, o gatinho parecia ser um membro do bloco e mimosear com um nome era o mínimo que podiam fazer, após varias tentativas de nomes entre meia algazarra foi nomeado de “Ronycleberson”, e assim seguiu a noite. 
    Segundo dia, a mesma cena se repetiu Rony vinha saltitante ao ver a porta da garagem se abrir e era assediado por cafuné, puxão, foto, afago, que chegava dar dó e mesmo assim ele sobrevivia a tamanho assédio, também dançava as músicas como uma marinete e induziam ele beber, ah que audácia! A vida de Rony não era mais a mesma também dormia de etilismo. O tchau era sempre o mais sem graça, a policia rondava e acabava com o volume do som, e pedia se já estavam encerrando com as atividades, pois era o único bloco que permanecia na cidade e não ia pular o carnaval á fora, até Rony chorava.
    Terceiro dia, o mesmo percurso acontecia, mas dessa vez dançou na calçada tomando banho de chuva, daquelas fininhas de verão, junto com eles, óra vinha óra saia se achava o verdadeiro LORD da adjacência.
    Quarto dia chegou mais cedo para o almoço e lá vinha Rony para almoçar também e fazer o soninho depressivo de pós-almoço dormindo do lado da caixa de som no sofá, e por acalanto puseram inventaram um sobrenome para Rony com as sílabas iniciais de cada sobrenome de cada um ali presente na ordem que estavam sentados para personaliza-lo ainda mais como se não bastassem as plumas, e o novo sobrenome se tornou Wabircacodonski e Rony agradeceu com um lambida.
    Mais tarde saíram e retornam ao por do sol e Rony também, o dono do gatinho era gente boa e consentia ele nos visitar, mesmo porque o felino, saia sem avisar. Nesse mesmo dia, depois de ter o nome registrado pelo bloco entre um colo e outro tiraram a dúvida de que realmente “Ronycleverson” era fêmea, mas, entretanto o nome já havia ganhando espaço e embalo no timbre da voz.
    O gatinho participava das conversas e ouvia com sedução no olhar e em meio carinho logo continuava a esquivar entre os dedos. Após o cheiro de churrasco se acalmar na churrasqueira a polícia novamente surgiu e pediu ao responsável se não tinha medo de ser preso?
    Muito embora o limite do som da hora permitida já havia passado e já havia cinco denúncias, então a porta da garagem e as janelas assim se cerraram, e Rony ficou para o lado de fora, ao abrirem mais tarde lá estava Rony esperando por eles, momento ternura.
    Mas estava na hora de partir dali e Rony rodeava aos pés vendo tudo gigante, e entre meio a pirâmide de latinhas de cervejas e destilados ele escorregava e o abraço dele cheirava a álcool e seus pelos já havia ganhando outra tonalidade.
   Pois bem, Rony amou e quebrou com o gelo de corações que tinham preconceito, mas a vida é mesmo assim cheia de encontros e partidas, a vida nem sempre permite mantermos perto o coração onde miramos com os olhos, temos que seguir em busca de evolução e viver cada momento ao máximo de intensidade para poder relembrar com saudade e ao voltar do mundo das memórias com sorriso nos lábios.
    E assim seguiu Rony sozinho para casa na noite fria, deixando saudades e arranhões das suas garras e todos esperando com que o destino marque novamente seguintes encontros.






Samantha Schepanski

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