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sexta-feira, 28 de junho de 2013

Acreditar é desacreditar

Maria Lúcia não acreditava no amor, por já ter amado de mais, assim acreditava. Mas a frase da música da Cássia Eller “eu sou poeta e não aprendi a amar”, a relatava, ela já tinha passado pelos mares e as poças do amor, mas no final descobria que amava por dois.
Afirmava que acreditava na atração entre ambos, um conjunto de ligações que faziam com que os dois se atraíssem seja pela cor do cabelo ou do olho, gosto musical, perfume, a sintonia da voz, a novela por qual era viciada, o estilo, o alinhamento dos dentes, o humor, as palavras ditas, a desenvoltura do corpo, o olhar, a energia que um gerava sobre o outro.
Desabonava as juras ditas a olho nu, pois ao passar o momento elas se desfaziam. E amor é isso? Desfeito na queima das aspirações? Muitas vezes o mundo de cada um mira no outro, buscando o que falta em si, completando aquela falta, ou por sentir aquela sensação de prazer proibido, o risco do submetido, sabendo desde o inicio que isso não é amor, ao se deixar se levar, pela questão de tempo, deixando a barca navegar, acha que é amor. Mas por inicial sabe-se o que está acontecendo e o que poder acontecer, até onde o fogo vai queimar, mas os homens gostam de duvidar, por sina.

 Ela já havia escrito cadernos e cadernos sobre amor, aberto a mão de coisas pelo o que sentia, mas a vida vinha e batia com as ondas do mar em suas pernas e arrastava o que ela mais cultivava e velava no pensamento. Então ela resolveu pegar outra direção, talvez uma estrada agora, saindo do mar das ilusões. Agora com pés firmes no chão, continuava a não saber o que vinha lá na frente, a onde os olhos procuraram mirar em profundo, mas não chegam, mas está certa de si que assim ao menos nenhuma correnteza a arrasta.
Empós conversar sobre o que acha do amor com a tatá da casa, foi respondida com poucas palavra, mas foi o necessário: “Filha, somos o reflexo do amor que recebemos”. Nesse exato momento sentiu as letras e despiu o peito por roupas por onde tinha passado guerras e guerras.
Sentiu sua mente girar naquele instante. Girando com maestria para pegar no ar o chapéu que lhe serviu, sentindo assim a sensação da direção da sua alma ao alcance da percepção, apontando para a vida.  Pois, simplesmente na vida deve-se deletar algumas crenças, qualquer uma, destas que limitam. 

Acreditar em um mundo de vida doce, frios na barriga é desacreditar que tudo é ilusão, que o amor não existe, ele existe sim, o universo é o grito dele. Aprende-se com o amor de berço, o tão julgado único verdadeiro, os outros não deixam de ser, mas de formas diferentes, carinhos... Uns até mais intensos que se lança a ideia de filtra-los nos laços sanguíneos, mas amor entre duas almas é apenas um, e que marca eternamente, justamente porque ele tem continuidade em todas as vidas.
Paixões são muito confundidas com amores, mas no charme do tempo tudo se revela, e mostra que paixões fazem nadar em águas agitadas, surfar sobre ondas imensas que em certos momentos parecem nos derrubar e adoecem o peito. Já o amor pega a sua mão por maior que seja distancia e te faz caminhar, lutar junto, é reciproco.

Maria Lúcia não havia se dado por conta, até antes, que tudo o que se pensa atraí, o que se fala se transforma em matéria, e ela havia se tornado uma sofredora do amor por crer nisso, nas linhas e linhas dos cadernos.  Enquanto isso as mais assanhadas das suas amigas tinham os tão sonhados homens aos seus pés, por justamente, não crerem que eram sofredoras do amor e se deixavam levar a cada instante, sem cobrar do seu pensamento um amor por inteiro, mas por deixar viver. E eles ganharem asas e invadirem os peitos delas.

Nesse planetinha muitos estão entupidos de sensações falsas, e para a vida ser mais, tem que ativar primeiro o prazer de se sentir mais, mais amado, mais de bem com a vida, receptíveis para uma carreira de novidades, para assim poder multiplicar as que virão. No continente da vida estar se defendendo dos perigos eventuais exige a consciência da paz, PAZ-CIÊNCIA.
Não existe equilíbrio estático para se viver, é tudo dinâmico, baseado na dança da mente e do sapatinho, inicialmente ao jogar a âncora no mar deve-se estar preparado para ver o movimento das águas, assim acontece com o sonho quando é posto na vida. Equilíbrio é dança, amor existe.

Samantha Schepanski

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