
Mesmo assim não deixou de ser rompido o sol nascente que banha cada manhã as colinas, estradas, ruas, casas, pessoas e sonhos, e o sol é o mesmo que nutre a terra de energia. Desde os tempos distantes os sonhos são viciantes, o sorriso tão contagioso quanto o bocejo, a tristeza um poço. E os sonhos dos homens em contexto geral se baseiam na construção de uma família, na estrutura de uma casa, e sucesso tanto profissional quanto pessoal, e diante disso parece que a vida andaria em equilíbrio, mas sempre queremos mais e mais, não acomodamos nossas vontades.
Se parássemos para perceber que há uma história inteira por traz de uma casa, encontraríamos o belo da vida e veríamos com outra visão, refletem a personalidade de quem mora e o relacionamento de como que é fundamental, ao mesmo tempo em que possuem um significado mais pessoal para as famílias e indivíduos que vivem nelas. As estruturas físicas dentro das quais trabalhamos e vivemos possuem tanto qualidades funcionais quanto simbólicas, e quase sempre é um entrelaçamento de ambas.
Quantos arcanos ela guarda, não? Imagine então uma casa que quase possivelmente pode se considerar enraizada ao solo por existir á tanto tempo e permanecer conservada, a qual vive adormecem-te, azul de madeira com detalhes brancos, plausíveis de rosa, com janelas com vidas fechadas, e as janelas do sótão representando os olhos do céu, através das quais o sol penetra, árvores como proteção, roseiras bravas ao redor, conservada em uma avenida movimenta por carros, buzinas berrantes, e na esquina do lado de um mercado, então? Não há quem não olhe, como se fosse uma pedra central, causadora de saques de olhares e imaginações de crianças, jovens, adultos, senhores, querendo imaginar as cenas que protagonizam a vida de uma casa restrita, onde não abrem os braços das janelas para dar bom dia para o sol, para ele correr pelos corredores. Alguns olhares calados, outros correndo, outros companheiros de canto a canto, independente da vida do olhar todos arriscaram desvendar os mistérios, mesmo estando cobertas as miras.
Então uma casa por muito tempo ganhou espaço em um território, e conforme a cidade foi se desenvolvendo ela foi acompanhando, observando. As crianças que passavam com os saquinhos de balas coloridas abrindo ao saírem do mercado logo do lado, que sobrevinham com o pescoço torcendo, hoje passam de carro com os filhos nos bancos de traz. O futuro o vento não deixou de soprar, a vida agindo, girando, e a casa da esquina azul fazendo parte do patrimônio da cidade e das histórias imaginarias das crianças. Até que então, a globalização do desenvolvimento aquisitivo, derrubou a casa para que pudesse construir um estacionamento, e o cenário das imaginações, recolheu suas madeiras e partiu. O desenvolvimento da cidade é importante, possui tanto o seu lado positivo quanto negativo, o ruim é que conforme o mundo vai se desenvolvendo alguns valores vão se perdendo, a natureza se escondendo de si, se camuflando cada vez mais em seu território, diminuindo por ser atingida pelo dinheiro.
Ao longo dos tempos da humidade percebemos que o homem toma o espaço que bem entende, recreia-o a sua imagem e semelhança, por sua ganância acaba por sucumbir no próprio ambiente que construiu.
Já imagino se o desenvolvimento do mundo fosse com aspectos sustentáveis nas cidades, que olhar a gente teria? Como a vida seria? Viveríamos com tantas fotos de lembranças para não deixar os lugares morrer?
Um ponto interessante, é descobrir que todos os mistérios podem ser desvendados com o tempo, nada na vida é tão limitado assim, a casa que não se abria, vivia dentro de si, e servia como um ponto principal, hoje foi revelado, e amanhã o que mais será desvendado? Esse foi um caso, mas há tantos outros... Antes não se via nada, só se imaginava hoje esta nua e crua, e aos poucos tão solitária e sumiu. Mas permanece desde já, como um ponto marcado da história das quais cidadãos de uma cidade vigiavam. Ou era a casa que os vigiavam?
Samantha Schepanski
Legal !
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